Os últimos meses – Parte 2

Pois bem, quando o Dr Roger me respondeu o email, ele recomendou que eu procurasse a Dra Norma Fleming, como médica de dor. Para falar a verdade, fiquei bem encucada por ele me recomendá-la novamente. Até onde eu sabia ela era neurologista e especialista em cefaléia. Mas, deixei minha cisma de lado  e liguei para o consultório dela. Consegui marcar com 1 semana de antecedência. Eu sabia que ela não fazia consultas por convênio, mas me doeu saber que a primeira consulta dela custava R$700,00. Não, você não leu errado. A primeira consulta dela custa setecentos reais.
Mas, como diz o ditado, o que não tem remédio, remediado está. Mas, apesar de confiar no Dr. Roger de olhos fechados, passei a semana inteira rezando para que a consulta dela realmente valeria a pena e me perguntando como uma neurologista poderia me ajudar.
No dia da consulta, sai do trabalho mais cedo e peguei um ônibus para Ipanema, que passava pela orla. Como há anos eu não fico andando por Ipanema, pedi ao motorista para parar em um ponto que ficasse próximo…ele parou ainda no Leblon e disse que era só entrar na rua em frente ao ponto que ele me deixou. Só que isso, faltavam  uns 3 Km para chegar ao consultório da Dra Norma. Fiquei com vontade de matar o sujeito, mas, por fim, peguei um taxi e ele me deixou no lugar certo. Mas ainda assim, quando cheguei ao consultório exatamente na hora marcada, ainda estava com o coração acelerado. Para minha sorte, ainda tive que esperar alguns minutos, o que me deu uma janela para poder recuperar o meu fôlego.
Quando ela me chamou para entrar, logo de cara me surpreendi com sua simpatia e, como sua filha _ minha otorrina_ se parece com ela.
A consulta levou duas horas. Ela me examinou toda e chegou a algumas conclusões, dentre elas:

a) Eu tenho cefaléia em salvas. Pelo o que consta a cefaléia em salvas é a pior dor de cabeça que existe. Eu a tenho desde pequena. Lembro-me que minha mãe cansou de ter que me buscar na escola de tanta dor de cabeça que eu sentia e, na adolescência lembro-me de comentar com uma amiga que eu queria encontrar um médico que fizesse lobotomia, só para ver a dor passava. Queria morrer. Com o tempo, minha vontade de fazer lobotomia passou (ainda bem rrrss), mas as dores continuaram. Essas dores intensas sempre me acordavam de madrugada. Por ano, eu tinha de 4-6 episódios de cefaleia em salvas e ficava meio lesada por até quinze dias.

b) Eu tenho enxaqueca, mas, diferente da cefaleia, ela não me acorda de madrugada e melhora quando eu tomo clexane. Depois que eu aprendi que o Clexane é eficaz no tratamento da minha enxaqueca, sempre tenho em casa uma caixinha com 2.

c) Eu tenho fibromialgia. Esse diagnóstico nem foi surpresa para mim. Eu tinha quase certeza que eu tinha fibromialgia. O grande problema, é que a intensidade da dor era forte demais para suportar (em uma escala de 0-10, a minha dor estava em 9). De qualquer forma, eu tentava seguir em frente. Era um inferno ter que levantar da cama de manhã e sentir os quadris estalarem e pisar no chão e sentir como se eu estivesse pisando em cacos de vidro. Fora as outras dores que me atacavam ao longo do dia. Como dizia o Capitão Nascimento em Tropa de Elite, eu estava pedindo para sair. Um cansaço que tudo o que eu queria era descansar. Não estava dormindo direito, acordava cansada.
Eu acho que o mais dificil, durante todo o tempo que senti essa dor intensa, esse cansaço sem fim, era colocar a máscara de “estar bem”, ir para o trabalho, sorrir, e fingir que tudo estava bem. Era f*¨%@.
d) Com base nos exames de sangue, ela concluiu que eu com certeza tenho uma doença muscular. Contudo, ela não acha que vale a pena identificar qual exatamente é esta doença, pois eu teria que fazer biopsia de músculo e o negócio seria bem complicado.

Quase no final da consulta, a Dra Norma, recebe a ligação do Dr Roger e os dois começaram sobre mim. Até brincaram que eu sou um mosaico de diagnósticos e discutiram quais medicamentos ela poderia me dar.
No final, ela me prescreveu um medicamento para Fibromialgia (Lyrica 75mg) e um para evitar que eu tivesse mais cefaleias em Salva (verapamil 80mg). Tanto a dra Norma quanto o Dr Roger ficaram um pouco apreensivos com relação à resposta do meu INR com o uso do Verapamil e do Coumadin. Pelo que se sabe, o uso concomitante do verapamil e do coumadin aumentam o INR, ou seja, afinam o sangue. No meu caso, para a alegria de todos nós (minha, da Dra Norma e do Dr Roger), há 1 mês, meu INR está estabilizado em 3.1 😀

Desde que comecei a tomar os medicamentos, estou me sentindo beeem melhor. As dores dimunuiram bastante, a dosagem dos medicamentos foi ajustada. Agora estou tomando 300mg de Lyrica todo dia (2 cp por dia).  Minha dor está bem mais tolerável. De 9 ela abaixou para 7.5. Isso é maravilhoso, considerando que tem pouco mais de um mês que eu comecei a tomar os remédios. Desde que comecei a tomar o Verapamil (para cefaleia), não tive mais nada e o Lyrica (para fibromialgia) parece que está funcionando bem. A rigidez nas articulações melhoraram de maneira significativa.
Na semana passada tive uma crise de dor bem intensa e nem consegui ir para o pilates 😥 O negócio agora é recomeçar lentamente.

Só tenho consulta com a Dra Norma no final de fevereiro e com o Dr Roger logo depois do carnaval. Vamos ver como eles me avaliam agora, depois de dois meses. Estou ansiosa para as consultas. Pelo menos estou muito feliz que apesar das novas medicações meu inr está estabilizado. Pode não parecer muito, mas para mim, é uma vitória e tanto 🙂